Fernando Pessoa escreveu estes fragmentos ao longo de pouco mais de vinte anos, de maneira irregular e espaçada. Não chegou a estabelecer a obra, mas deixou muitas anotações. Com organização e introdução de Jerónimo Pizarro, especialista responsável por dezenas de estudos e publicações acerca do poeta lusitano, esta nova edição resgata a grande obra-prima de um dos mais importantes autores lusófonos.
O Livro do desassossego foi quase todo escrito durante um período em que Portugal e Europa experimentavam uma longa crise: guerras, ascensão do fascismo e a chegada de Hitler ao poder. No entanto, "desassossego não tem a ver com pessimismo, mas com instabilidade, com a incapacidade de firmar posição", como observa o escritor Tiago Ferro no posfácio. Instabilidade de um grande sonhador que, em meio a um mundo em transformação, se dedica a uma profunda reflexão sobre a vida e o que pode instigar um espírito irrequieto: "A minha vida é uma febre perpétua, uma sede sempre renovada."
A prosa po