Para além de todo pateticismo e de todo sentimentalismo, vida, existência, é dor. A dor, da qual aqui se fala, pelo menos de imediato, não é a dor de dentes, a do cálculo renal ou a da topada no pé da cama. Antes, é a dor que o homem é, à medida que ele é necessidade de ação, de atividade; a necessidade de fazer-se ou autofazer-se e, assim, cumprir-se como tempo e história. É assim que o homem vem a ser o que ele é, a saber, homem. Dor, então, assim, é o nome de vida, da existência finita. A vida que se fizer insurgida, rebelada contra esta condição ou situação humana de limite, de finitude, se faz doente, enferma. À medida que uma tal revolta se torna doutrina (p.ex., um humanismo) de promoção deste homem revoltado, então, este homem deste humanismo está doente dele mesmo, doente do próprio homem. Evidencia-se que a dor maior, antes, a doença maior, é a revolta contra a dor que o homem é, que a vida finita é. E a vida ascendente, a vida criadora, acontece quando a dor própria ou const